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sábado, 6 de setembro de 2014
Como lidar com a Síndrome do ninho vazio como casal
Casal na fase do "ninho vazio"
Solange Maria Rosset
janeiro de 2009
Num paralelo com o que acontece aos pássaros quando os
filhotes voam do ninho e não voltam, pois irão viver em outras paragens, a
etapa de vida familiar em que os filhos vão construir sua própria vida põe em
xeque a qualidade emocional dos pais e a qualidade da relação do casal. Essa
“síndrome do ninho vazio” entretanto, pode ser usada como um novo
enriquecimento da relação dos parceiros e como uma fase de reestruturação das
questões individuais.
A prevenção das possíveis dificuldades nesse período da vida inicia-se
quando os parceiros se casam. Se eles definirem que os filhos serão o foco do
casamento, devem se organizar desde o início para o momento em que não tiverem
mais os filhos precisando deles. Se, por outro lado, filhos forem um dos
componentes das suas vidas, eles podem se estruturar de forma que suas vidas
sejam enriquecidas com muitos aspectos e as crises da meia-idade e velhice
possam ser minimizadas.
Para quem está iniciando a vida a dois, alguns cuidados devem
ser tomados. Manter espaço individual e de casal é um deles. O
casal estará prevenindo as dificuldades futuras se, desde o início da união, os
parceiros conseguirem manter atividades, interesses e relações individuais e
pessoais. Ao terem filhos, precisam preservar o espaço, físico e emocional, bem
como atividades e interesses particulares do casal, sem a participação e
interferência dos filhos. Se mantiverem esses espaços, ao chegarem à fase em
que voltarão a estar sozinhos, já terão o hábito, os compromissos e os prazeres
individuais e de casal.
Manter a intimidade, a cumplicidade, a sexualidade, os
projetos de casal é outro cuidado importante. O casal que se esforça e
propõe-se a manter e desenvolver a vida íntima de casal não terá dificuldade em
aquecê-la ou enriquecê-la na fase tardia da relação. O exercício constante e
persistente em manter a sexualidade como um foco de prazer, aprendizagens e
cumplicidade, apesar dos altos e baixos da vida em comum, será recompensado
nessa fase. O desenvolvimento e a execução de projetos comuns, materiais
ou de outras áreas, mantêm o casal com um nível de ligação e de afeto que torna
a relação íntima e funcional.
Não existe mágica para resolver as dificuldades quando elas
não foram atendidas de forma preventiva, mas não há dúvida de que a tarefa é voltar a ser casal. O esforço de voltar a ser casal
pode ser iniciado retomando o que foi desejado e não pode ser feito. Se o casal
puder rever seus projetos, seus sonhos, seus desejos, aqueles que a vida e
outras condições impediram de concretizar, poderão atualizá-los e avaliar quais
podem ser retomados, quais podem ser reformados.
Outra boa forma de trabalhar a relação é aprender o que não
aprenderam nos anos anteriores. No excesso de atividades e responsabilidades,
não se dá atenção às aprendizagens que podem ser feitas junto com o outro ou
que um pode ter com as características e o funcionamento do outro. Na maioria
das vezes, cada pessoa se prende na queixa do que é desagradável e não faz bom
uso disso para desenvolver conhecimentos e aprendizagens. A fase de “ninho
vazio” possibilita retomar tais questões junto com o desejo, o tempo e a
disponibilidade para aprimorar e aprender.
É importante também retomar o espaço de intimidade, sob os
mais variados ângulos: sexual, de partilha, de companhia – Nessa fase, o casal
pode retomar ou desencadear uma intimidade de parceiros que dará novo ânimo,
nova perspectiva para suas vidas.
No aspecto individual, alguns movimentos podem ser
realizados. Entre eles: retomar o projeto de vida que tinha na adolescência;
avaliar o que alcançou, o que deixou de ser importante e o que deixou de lado,
mas ainda desejava; analisar o que gostaria que mudasse na sua vida.
Como casal eles podem avaliar, de forma realista, o que
aprenderam, cada um com seu parceiro, o que poderiam ter aprendido e quais são
as situações que lhes impediram de aprender; analisar de que forma ainda podem
ter essas aprendizagens; avaliar o que poderia ter sido feito para terem uma
vida mais saudável e funcional e o que os impediu de fazer.
E no papel de pais podem também realizar algumas reflexões,
avaliando o que, na sua função de pais poderia ter saído melhor; analisando o
que pode atrapalhar as relações com os filhos hoje; mudando e acrescentando
itens para criar uma relação com os filhos de forma a ter aconchego afetivo,
poder acompanhar o desenvolvimento das próximas gerações e enriquecer as
relações, tendo trocas, envolvimento e respeito.
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